Sanseitō cresce e desafia elite política com discurso nacionalista no Japão

Pesquisas apontam que o Sanseitō pode conquistar entre 10 e 15 das 125 cadeiras em disputa – um feito expressivo para um partido criado em 2020.

TÓQUIO – Às vésperas da eleição para o Senado, o partido nacionalista Sanseitō (参政党) tem emergido como uma força disruptiva na política japonesa, alavancando pautas como a crítica ao aumento da presença estrangeira no país e ao avanço das políticas de igualdade de gênero. Com o lema “Japão em primeiro lugar”, a legenda conservadora liderada por Sōhei Kamiya tem captado o apoio de eleitores descontentes com a política tradicional e com a estagnação econômica do país.


Pesquisas apontam que o Sanseitō pode conquistar entre 10 e 15 das 125 cadeiras em disputa – um feito expressivo para um partido criado em 2020. A ascensão do Sanseitō reflete uma tendência de polarização política observada em outras democracias ocidentais, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, com o crescimento de movimentos populistas e nacionalistas.


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“Quando tocamos no tema dos estrangeiros, dizem que estamos sendo discriminatórios. Mas mesmo com as críticas, nosso apoio só aumenta”, disse Kamiya em entrevista à Reuters. Para ele, o debate iniciado por seu partido forçou inclusive o tradicional Partido Liberal Democrata (LDP) e seu aliado Komeitō a se posicionarem sobre o tema.


Críticas ao globalismo e desconfiança com estrangeiros


A mensagem de Kamiya encontra ressonância especialmente entre homens jovens insatisfeitos com os baixos salários, a inflação crescente e a sensação de perda de identidade cultural. Embora os estrangeiros representem apenas cerca de 3% da população japonesa, o número de residentes não japoneses ultrapassou 3,8 milhões em 2023, o maior da história.


Segundo analistas, o discurso do Sanseitō utiliza como base a retórica de que os estrangeiros ameaçam a cultura japonesa e exploram os sistemas sociais. Essa abordagem lembra a de partidos como o AfD na Alemanha ou o Reform UK no Reino Unido, e conta com ampla divulgação nas redes sociais — o canal do Sanseitō no YouTube, por exemplo, já supera 400 mil inscritos, mais que o triplo do canal do LDP.


“Antes era tabu expressar sentimentos anti-imigração no Japão. Agora, essas opiniões estão cada vez mais normalizadas”, afirma Jeffrey Hall, professor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Kanda e especialista em política de direita no Japão.


Do populismo digital ao Senado


Kamiya, que já foi professor de história e vereador em Osaka, fundou o partido em 2020. Com estilo direto e tom popular, tornou-se conhecido por comentários polêmicos, como a defesa do retorno de concubinas para o imperador – declaração que gerou forte repercussão na eleição anterior. Hoje, o líder tenta adotar um discurso mais moderado, com foco em propostas como redução de impostos e ampliação do auxílio infantil.


Apesar disso, mantém posições conservadoras. Durante a campanha, criticou a política de igualdade de gênero, afirmando que incentivar mulheres a trabalhar teria reduzido a taxa de natalidade. A fala foi amplamente condenada, mas reforçou seu apelo entre eleitores mais tradicionais.


Questionado sobre o motivo de seu partido atrair mais homens do que mulheres, Kamiya respondeu, rindo: “Talvez porque sou um cara intenso demais.”


Governo reage e endurece tom


O crescimento da pauta anti-imigração levou o governo a reagir. No dia 15, foi criada a “Sala para Promoção da Convivência Ordenada com Estrangeiros” no gabinete do primeiro-ministro. Durante a cerimônia de inauguração, o premiê Shigeru Ishiba afirmou que, embora o país precise de trabalhadores estrangeiros, há preocupações da população com crimes e uso indevido de benefícios por parte de alguns imigrantes.


Diante da possibilidade de perder a maioria no Senado, o governo deve buscar novas alianças para manter a estabilidade legislativa. Por ora, Kamiya descarta qualquer coalizão com o LDP ou o Komeitō. “Não pensamos em nos aliar agora. Primeiro, vamos consolidar nossa base e, só depois, pensar em entrar no governo.”


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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