Eleições no Japão expõem tensão entre integração e xenofobia

“É óbvio proteger os japoneses primeiro. Os governos anteriores fortaleceram a dependência do exterior e deixaram o país mais pobre”, disse ele, com críticas ao globalismo.

A discussão sobre o papel dos estrangeiros no Japão se tornou um dos temas centrais nas eleições para o Senado, especialmente no distrito de Shizuoka. Candidatos com discursos mais duros em relação à presença estrangeira vêm enfrentando manifestações e críticas de outros concorrentes, o que trouxe à tona um debate nacional: estamos diante de uma onda de xenofobia ou de propostas legítimas de regulação?


No dia 13, o candidato estreante do partido Sanseitō, Tomoki Matsushita (41), defendeu em comício na cidade de Shizuoka que o Japão deve dar prioridade total aos seus cidadãos. “É óbvio proteger os japoneses primeiro. Os governos anteriores fortaleceram a dependência do exterior e deixaram o país mais pobre”, disse ele, com críticas ao globalismo.


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Mas do lado de fora do evento, cerca de dez manifestantes carregavam cartazes feitos à mão com frases como “Não vote no preconceito”. Um dos organizadores, um trabalhador da cidade que mobilizou o ato pelas redes sociais, afirmou: “Esse discurso de ‘japoneses primeiro’ só gera exclusão. Queríamos mostrar que esse tipo de fala machuca muitas pessoas”.


Por outro lado, há também apoio às ideias do Sanseitō. Uma mãe da cidade de Kakegawa disse que se incomoda com o número crescente de crianças estrangeiras nas escolas locais. “Eles nem falam japonês e precisamos ainda investir em aulas especiais. Quando conheci o discurso do partido pelas redes sociais, me identifiquei na hora.”


Outros candidatos também abordaram o tema, com diferentes posições:

  • A comunista Chika Suzuki (54) criticou duramente os partidos que dizem que “os estrangeiros são privilegiados” e chamou isso de discurso enganoso que fomenta o preconceito. “Precisamos de uma sociedade onde ninguém seja discriminado por sua origem.”

  • Katsuya Shimba (58), do Partido Democrático para o Povo, se posicionou contra o discurso xenofóbico, mas defendeu regras mais claras para conter o impacto de investimentos estrangeiros no setor imobiliário, que estariam elevando o custo de vida dos japoneses.

  • Takao Makino (66), atual senador pelo Partido Liberal Democrata, afirmou que “não se pode tolerar discriminação”, mas que estuda medidas para restringir a compra de terras por estrangeiros.

  • Já candidatos independentes como Shiromi Fukuhara (42) e Kanae Yamaguchi (46) defenderam restrições mais duras aos direitos dos estrangeiros, como punições para os que vivem de forma irregular ou limitação de seus direitos civis.

Crescimento da população estrangeira em Shizuoka


O tema ganhou força também por conta dos números: em dezembro de 2024, o Japão contava com mais de 3,76 milhões de estrangeiros residentes – número superior à população da província de Shizuoka. Somente em Shizuoka, vivem mais de 124 mil pessoas de 127 nacionalidades diferentes, um número que não para de crescer.


Desde que o governo alterou a Lei de Imigração em 1990 para permitir a entrada de descendentes de japoneses, regiões como Hamamatsu passaram a ter uma grande presença de imigrantes, especialmente brasileiros, peruanos e filipinos.


Para lidar com os desafios dessa convivência, o governo da província está desenvolvendo um plano ambicioso que pretende transformar Shizuoka no “província número 1 em convivência multicultural”, incluindo propostas de leis nacionais e políticas específicas.


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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