Apenas 63% dos estrangeiros no Japão, pagam o seguro nacional de saúde, revela levantamento inédito

O Japão possui um dos sistemas de saúde mais eficientes do mundo, com cobertura quase universal e acesso facilitado a hospitais e clínicas. O seguro nacional é obrigatório por lei para todos os residentes, incluindo estrangeiros.

Uma nova pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão revelou um dado preocupante sobre a adesão dos estrangeiros ao sistema público de saúde do país. Em um levantamento feito em 150 municípios japoneses, a taxa média de pagamento do Seguro Nacional de Saúde (Kokumin Kenkō Hoken – 国民健康保険) entre residentes estrangeiros ficou em apenas 63%, muito abaixo da média nacional geral, que é de 93%.


Este é o primeiro estudo oficial que foca exclusivamente no comportamento dos estrangeiros em relação ao seguro, e os resultados acendem um sinal de alerta tanto para as autoridades quanto para as comunidades migrantes que vivem no país.


Um sistema universal com falhas de acesso


O Japão possui um dos sistemas de saúde mais eficientes do mundo, com cobertura quase universal e acesso facilitado a hospitais e clínicas. O seguro nacional é obrigatório por lei para todos os residentes, incluindo estrangeiros. A não adesão pode gerar não apenas acúmulo de dívidas, mas também dificuldades em momentos críticos, como atendimentos médicos de emergência ou tratamentos prolongados.


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Apesar disso, os dados revelam que uma parte significativa da população estrangeira está à margem do sistema — muitas vezes, sem saber que está.


Onde está o problema?


Mesmo com a disponibilização de panfletos informativos em diversos idiomas e atendimento nas prefeituras, a taxa de adesão dos estrangeiros permanece baixa. Especialistas apontam uma série de fatores que podem estar por trás disso:


  • barreiras linguísticas: muitos estrangeiros ainda enfrentam dificuldades em entender os procedimentos burocráticos do sistema japonês, mesmo com materiais traduzidos.
  • falta de orientação eficaz: há relatos de pessoas que não foram devidamente instruídas sobre a obrigatoriedade do seguro no momento do registro de residência.
  • instabilidade de trabalho: especialmente entre trabalhadores temporários e aqueles que não estão vinculados a empresas com cobertura empresarial, o custo mensal do seguro pode ser considerado elevado.
  • desinformação e informalidade: há ainda quem acredite, erroneamente, que o seguro é opcional, ou que já está coberto por alternativas privadas ou por planos de seus países de origem.

O impacto da não adesão


Deixar de pagar o seguro não é apenas uma decisão individual: tem impactos diretos sobre o sistema público. Quando estrangeiros não contribuem, mas acabam utilizando o serviço em situações emergenciais, a conta acaba sendo paga por toda a sociedade — comprometendo a sustentabilidade de um modelo que se baseia na solidariedade coletiva.


Além disso, há implicações para a própria regularização no país. A não adesão ao seguro pode pesar negativamente em renovações de visto, naturalização ou outros processos migratórios.

Soluções em debate


Diante desse cenário, cresce a pressão para que o governo japonês repense sua política de integração de estrangeiros ao sistema público de saúde. Algumas propostas incluem:


  • maior presença de mediadores culturais e tradutores nos balcões de atendimento das prefeituras;
  • campanhas educativas mais eficazes nas empresas, escolas de idiomas e centros comunitários;
  • facilitação de parcelamento de dívidas para regularização de contribuições atrasadas;
  • estreitamento de laços com associações de imigrantes, que podem atuar como pontes entre os estrangeiros e os órgãos oficiais.


Com a contínua queda da natalidade e o envelhecimento da população, o Japão depende cada vez mais da mão de obra estrangeira para sustentar sua economia. Garantir que essa população esteja plenamente integrada aos sistemas públicos — de saúde, educação e previdência — é uma necessidade, não uma opção.


A baixa adesão ao seguro de saúde entre estrangeiros não deve ser vista apenas como uma falha dos imigrantes, mas como um sintoma de um modelo que ainda não está preparado para ser, de fato, inclusivo. O desafio está posto: construir um Japão mais plural também passa por garantir que todos, sem exceção, tenham acesso digno à saúde.


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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