Turismo em excesso, quando a paisagem vira um problema

Moradores reclamam do crescimento de turistas no deslumbrante cartão-postal do Japão.

Todos os anos, a cidade de Fujikawaguchiko, em Yamanashi, se transforma em um dos principais palcos da primavera japonesa. A justaposição entre o Monte Fuji e as cerejeiras em flor cria uma paisagem de beleza quase etérea — tão marcante que, em 2024, o local foi eleito o número 1 no ranking dos “Cenários de Primavera mais Bonitos do Japão”.


Porém, sob a superfície deslumbrante desse cartão-postal, cresce uma tensão entre o encantamento turístico e os desafios enfrentados pela população local.


Em 2023, cerca de 1,5 milhão de pessoas visitaram a região durante o hanami — a temporada de contemplação das flores. Esse número expressivo não apenas confirma a fama do local, mas também escancara os efeitos de um turismo que cresce mais rápido do que a infraestrutura disponível.


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Para os moradores, a primavera, que deveria ser uma estação de renovação e tranquilidade, se tornou sinônimo de frustração. Muitos relatam casos de invasão de propriedades privadas — turistas pulam cercas e entram em jardins residenciais em busca da “foto perfeita”. Outros reclamam do aumento do lixo, do barulho e da falta de respeito com o cotidiano local.


Além disso, a carência de banheiros públicos em pontos estratégicos levou a situações constrangedoras e até mesmo insalubres, denunciadas por comerciantes e moradores. A infraestrutura urbana claramente não acompanhou o boom turístico dos últimos anos.


Apesar dos problemas, o fascínio dos visitantes permanece inabalável. Muitos descrevem a experiência como mágica, quase espiritual. Uma turista brasileira relatou que tirou mais de 100 fotos e planeja emoldurar a melhor para lembrar “um dos dias mais lindos da vida”. Já uma visitante americana revelou ter improvisado um haicai, tamanho foi o impacto do cenário.


Esses relatos ajudam a explicar o magnetismo do local — um lugar que une natureza, cultura e simbolismo em uma única moldura.


A prefeitura de Fujikawaguchiko já iniciou estudos para regular o fluxo de turistas e proteger a qualidade de vida da população. Entre as propostas em discussão, estão a instalação de áreas de observação específicas, aumento de banheiros públicos, campanhas de educação turística e até a possibilidade de cobrar taxas em horários de pico, como já ocorre em outras atrações naturais no Japão.


A questão central, no entanto, vai além da logística. Trata-se de pensar em modelos de turismo sustentável que respeitem o espaço local e transformem a beleza do lugar em uma experiência compartilhada — e não em uma sobrecarga.


Enquanto isso, Kawaguchiko continua, a cada primavera, encantando milhares de olhos ao mesmo tempo que provoca reflexões urgentes sobre os limites entre acolher e preservar.


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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