O Fórum de Imigração de Tóquio, um dos maiores encontros internacionais sobre políticas de imigração, refugiados e trabalhadores estrangeiros, teve início no dia 9 de setembro em um hotel na região de Minato, Tóquio. O evento, organizado pela Agência de Imigração do Japão (出入国在留管理庁), reuniu aproximadamente 100 representantes de órgãos de imigração de 20 países e regiões, incluindo a Coreia do Sul, Vietnã e organismos internacionais.
O encontro, que ocorre anualmente desde 2022, chegou à sua quarta edição com o intuito de promover um espaço de diálogo, cooperação e troca de experiências entre os países participantes. A principal pauta do evento foi a gestão de refugiados e trabalhadores estrangeiros, temas que têm ganhado cada vez mais relevância diante do aumento dos deslocamentos internacionais e da escassez de mão de obra em várias regiões, especialmente na Ásia-Pacífico.
Durante o discurso de abertura, o Diretor-Geral da Agência de Imigração do Japão, Hideharu Maruyama (丸山秀治), enfatizou a crescente tensão no cenário internacional e a necessidade de uma abordagem colaborativa. “Vivemos um momento em que as questões migratórias se tornam cada vez mais complexas. Para enfrentar os desafios relacionados à imigração e aos refugiados, a cooperação internacional é essencial”, afirmou Maruyama, ressaltando o papel do fórum como um instrumento para fortalecer políticas conjuntas e troca de boas práticas entre os países.
O diretor também abordou os desafios específicos enfrentados pelo Japão, como a baixa natalidade, a escassez de trabalhadores e o aumento gradual de refugiados solicitando asilo no país. Em um contexto onde o Japão busca atrair trabalhadores estrangeiros para suprir sua população economicamente ativa em declínio, o fórum se torna uma oportunidade para discutir políticas migratórias eficazes e humanitárias.
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Ao longo do evento, os representantes dos países participantes apresentaram suas políticas migratórias mais recentes, oferecendo um panorama diversificado das abordagens nacionais. Os principais temas discutidos incluíram:
1 – Assistência e integração de refugiados – Alguns países asiáticos compartilharam iniciativas de acolhimento e programas de integração social e econômica, fundamentais para garantir direitos básicos e qualidade de vida aos deslocados.
2 – Regulamentação do trabalho estrangeiro – Muitos países têm buscado equilibrar a necessidade de mão de obra estrangeira com a proteção dos direitos dos trabalhadores, especialmente em setores críticos como agricultura, construção civil e serviços.
3 – Combate à imigração ilegal e tráfico de pessoas – O fórum destacou a necessidade de fortalecer fronteiras e aprimorar mecanismos de combate a atividades ilegais, ao mesmo tempo em que se busca uma abordagem humana para refugiados.
Representantes da Coreia do Sul apresentaram medidas de amparo para trabalhadores estrangeiros em situação vulnerável, enquanto o Vietnã destacou seus esforços em estabelecer canais oficiais de envio de trabalhadores qualificados ao exterior.
O Papel do Japão no Debate Global
O Japão, apesar de historicamente restritivo quanto à aceitação de imigrantes e refugiados, tem mostrado mudanças graduais em suas políticas. Em 2019, o país reformulou sua Lei de Controle de Imigração, abrindo portas para trabalhadores qualificados através de um sistema de vistos especiais (como o programa Specified Skilled Workers – SSW). Ainda assim, organizações de direitos humanos apontam que o país precisa avançar em temas como
● Aceleração do processo de análise de pedidos de asilo, que atualmente pode durar anos.
● Melhoria das condições nos centros de detenção de imigrantes.
● Políticas de integração que facilitem a adaptação cultural e linguística dos trabalhadores e refugiados.
A presença japonesa no fórum destaca o interesse do governo em posicionar-se como um ator relevante no debate global sobre imigração, além de buscar inspiração em políticas bem-sucedidas adotadas por países vizinhos.
O Fórum de Imigração de Tóquio continuará até o dia 11 de setembro, com mesas-redondas e apresentações aprofundadas sobre soluções regionais para os desafios enfrentados por cada país. O evento deve gerar uma série de recomendações práticas, que poderão servir de base para futuras colaborações bilaterais e multilaterais na região da Ásia-Pacífico.
Diante de um mundo cada vez mais interconectado e marcado por fluxos migratórios complexos, eventos como o Fórum de Tóquio tornam-se essenciais para construir políticas que aliem desenvolvimento econômico à proteção dos direitos humanos.
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução