A estreia de campanha da 参政党 (Sanseitō, Partido dos Cidadãos) para as eleições na Câmara Alta, realizada na movimentada área de Ginza, em Tóquio, trouxe o slogan “Nihonjin First” (Japoneses Primeiro). O evento, liderado por Sōhei Kamiya, atraiu atenção e também perplexidade entre turistas estrangeiros presentes no local.
Kamiya criticou duramente a influência do globalismo, alegando que o Japão estaria “se empobrecendo” por abrir espaço a capitais e trabalhadores estrangeiros:
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“Se continuarmos a aceitar trabalhadores estrangeiros indiscriminadamente apenas porque são mão de obra barata, os salários dos japoneses nunca vão subir”, declarou.
Entre os estrangeiros entrevistados:
- Um argentino de 38 anos, que trabalha com educação e está em visita ao Japão, afirmou que a retórica lembra tendências da extrema-direita global:
“Entendo o que estão dizendo, mas não gosto. Espero que a democracia japonesa não vire algo como militarismo novamente.”
- Uma turista americana mostrou estranhamento:
“O mundo vive a era da globalização, não sei o que esse discurso quer dizer exatamente.”
- Já um turista chinês, de 40 anos, foi mais pragmático:
“Todo país deve priorizar seus cidadãos. Não vejo problema nisso, desde que respeitem os visitantes.”
O pano de fundo é relevante: o número de visitantes estrangeiros ao Japão em 2024 ultrapassou 36,8 milhões, com um gasto total recorde de 8,1 trilhões de ienes, segundo a Agência de Turismo.
A retórica nacionalista da Sanseitō tenta surfar na crescente insatisfação popular com a economia e o mercado de trabalho, especialmente entre os jovens. No entanto, esbarra em uma contradição estratégica: o Japão depende cada vez mais de estrangeiros, tanto no turismo quanto no setor de mão de obra.
A insistência em uma retórica anti-globalista pode alienar parceiros e setores essenciais, além de gerar desconforto diplomático — como visto nas reações em Ginza.
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução