Japão enfrenta mercado negro de medicamentos para emagrecer

Esse apelo direto ao emagrecimento rápido é o que tem atraído uma multidão de usuários, mesmo sem indicação médica formal. A facilidade de acesso ao GLP-1 por meio de clínicas online impulsionou ainda mais sua popularização, criando um terreno fértil para o surgimento de práticas ilegais.

Nos últimos anos, o medicamento conhecido como GLP-1, originalmente desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2, ganhou notoriedade internacional como uma solução eficaz para perda de peso. No Japão, embora esse uso estético não seja coberto pelo sistema de saúde pública, clínicas privadas oferecem o tratamento em regime de consulta livre, com valores que giram em torno de 50 mil ienes (cerca de R$ 1.700) por dois meses de aplicação.


Mas por trás dessa tendência crescente, um mercado sombrio começa a emergir — o da revenda ilegal de medicamentos obtidos em farmácias de manipulação (調剤薬局). Fontes confirmam a existência de esquemas onde grandes quantidades do remédio são desviadas e revendidas com altíssimas margens de lucro, principalmente para o mercado chinês.


Uma mulher japonesa na faixa dos 40 anos, que trabalha e cuida da casa, relata os efeitos do medicamento: “É como aquela sensação após um churrasco pesado. Você acorda no dia seguinte sem fome. Sinto meu estômago sempre cheio, então como menos e perco peso. Em dois meses, emagreci 4 kg.”


Esse apelo direto ao emagrecimento rápido é o que tem atraído uma multidão de usuários, mesmo sem indicação médica formal. A facilidade de acesso ao GLP-1 por meio de clínicas online impulsionou ainda mais sua popularização, criando um terreno fértil para o surgimento de práticas ilegais.


Segundo o jornalista especializado em assuntos chineses, Daisuke Hirose, o tráfico transfronteiriço já é uma realidade: “Um conhecido chinês que estuda no Japão me pediu para levá-lo ao aeroporto. No carro, notei que ele levava uma mochila cheia de injeções de GLP-1 com gelo seco. Ele me disse que estava preocupado com a alfândega de Xangai, mas que valia a pena arriscar, porque o medicamento era muito valorizado na China e poderia ser revendido por um preço elevado.”


Esse tipo de movimentação levanta sérias preocupações sobre o controle e rastreamento de medicamentos controlados. A possibilidade de que farmácias licenciadas estejam colaborando, mesmo que indiretamente, com o desvio de remédios, coloca em xeque a regulamentação atual.


Mais preocupante ainda é o impacto na saúde pública. A venda informal de remédios injetáveis, sem orientação médica, pode provocar efeitos adversos graves, especialmente em usuários que não se enquadram nos critérios clínicos para o uso do GLP-1.


Além disso, a escassez causada pela revenda pode afetar diretamente pacientes com diabetes que necessitam do medicamento para tratamento contínuo.


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Até o momento, não há registros oficiais de grandes operações contra o tráfico desses medicamentos. A ausência de uma resposta mais rígida do governo japonês pode ser explicada pela complexidade da rastreabilidade entre farmácias, distribuidores e compradores finais — especialmente quando parte da transação ocorre por meio de consultas online.


Contudo, especialistas alertam que, se medidas mais severas não forem adotadas, o Japão poderá enfrentar um problema semelhante ao que outros países já enfrentam com medicamentos para emagrecimento: desabastecimento, uso indiscriminado e aumento das redes ilegais de venda.


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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