O renomado artista do rakugo, Hayashiya Kikuou, de 87 anos, participou ao vivo do programa Prime News da emissora BS Fuji no dia 15 e compartilhou suas memórias de guerra, fazendo um apelo comovente em prol da paz — e um alerta sobre a fragilidade atual do Japão.
Kikuou, que estava no primeiro ano do primário quando a Segunda Guerra Mundial terminou, relembrou a tragédia que vivenciou durante os bombardeios aéreos. “Jamais esquecerei o bombardeio de 10 de março de 1945. Foram 100 mil cidadãos mortos. Uma bomba caiu também na minha casa”, relatou com pesar.
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Quando questionado sobre o que seria necessário para preservar a paz, ele fez uma crítica contundente:
“Falar de paz é fácil, mas se aumentarmos impostos para produzir novas armas e recrutar soldados para fortalecer o país, entramos em uma corrida que nunca acabará. A guerra nunca deixará de existir nesse ritmo.”
O veterano artista expressou profunda inquietação quanto à consciência da juventude japonesa.
“Fico preocupado ao ver os jovens de hoje. Às vezes acho que o Japão pode até ser dominado por outro país. É assustador. Quero muito que as novas gerações conheçam a verdade sobre a guerra.”
Ao ser perguntado sobre o que o Japão poderia fazer especificamente, Kikuou demonstrou ceticismo sobre a eficácia de apelos isolados pela paz:
“Não adianta o Japão sozinho dizer ‘vamos parar com bombas e armas’, se o resto do mundo continua. Seria como deixar a porta de casa aberta dizendo ‘aqui não tem crime, entre à vontade’. Mas a realidade exige trancas. E o Japão está justamente nesse estado de vulnerabilidade.”
Ele afirmou que o país está negligenciando sua própria defesa, confiando apenas na boa fé dos outros:
“Acho que estamos impondo nossa boa vontade aos outros e esperando que ajam da mesma forma, como se dissessem: ‘sou uma boa pessoa, então não faça nada de mal também’. Isso é perigoso.”
Ao final, Kikuou compartilhou uma conversa recente com seu neto do terceiro ano do ensino médio. Quando perguntou ao jovem o que sabia sobre a guerra, ouviu a resposta:
“Acho que é quando aviões jogam bombas.”
Ao tentar aprofundar a conversa, o neto respondeu:
“Não sei mais do que isso”, revelando desinteresse e desconhecimento.
O veterano se disse profundamente abalado com a superficialidade da percepção sobre o tema:
“É extremamente difícil transmitir o terror da guerra aos jovens. Me assusta ver como eles a encaram com tamanha leveza.”
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

