Com a aproximação das eleições para o Senado no Japão, marcadas para o dia 20, o debate sobre políticas para estrangeiros ganhou destaque. Vários partidos e candidatos têm apresentado propostas mais rígidas de controle sobre a entrada e permanência de estrangeiros no país. No entanto, esse movimento tem gerado apreensão em regiões como a província de Hyogo, onde os estrangeiros são parte fundamental da vida comunitária.
“Quando pessoas em cargos públicos aparecem dizendo ‘Primeiro os japoneses’, isso não acaba incentivando o discurso xenofóbico?”, questiona Kim Shinyon, de 72 anos, segunda geração de coreanos residentes no Japão e morador do distrito de Nagata, em Kobe. Kim tem se dedicado a divulgar a história e cultura dos zainichi (coreanos residentes no Japão). Ele lembra que a comunidade coreana já foi alvo de discursos de ódio no passado, o que levou à criação de leis contra a discriminação. Agora, teme uma regressão.
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A preocupação se intensifica com a crescente presença de conteúdos nas redes sociais e vídeos online defendendo o endurecimento de políticas contra estrangeiros. “É assustador ouvir políticos falando contra a convivência multicultural”, diz Kim. Mesmo sem direito ao voto, ele reforça: “Uma sociedade multicultural precisa ser construída ativamente”.
A professora associada Tomoko Ochiai, da Universidade Setsunan, também atua em Nagata e coordena aulas de vietnamita em escolas locais. Ela destaca o risco de jovens desenvolverem preconceitos com base em discursos online. “Sem convivência real, eles acabam criando imagens negativas”, afirma. Recentemente, estudantes da universidade produziram um vídeo entrevistando coreanos residentes, o que ajudou a mudar a percepção de muitos. “Eles entenderam que essas pessoas viveram a mesma era Showa que seus avós.”
No interior de Hyogo, em Himeji, a escola de japonês Souchi International Academy abriga cerca de 200 estudantes do Nepal e Bangladesh. O diretor Hiroyasu Hirayama, 56, acompanha de perto o esforço desses jovens que estudam cerca de 800 horas por ano enquanto trabalham em empregos de meio período. “Com a população diminuindo, eles sustentam a sociedade e a economia. Precisamos formar parceiros para a convivência”, destaca.
Apesar de haver casos de atritos culturais, como reclamações por barulho noturno, Hirayama acredita que o caminho é a orientação e o apoio. “Eles vêm com sonhos. Temos responsabilidade sobre isso”, afirma. A escola também promove o intercâmbio entre alunos e moradores locais por meio de festivais e eventos. “Sem oportunidades de convivência, aumentam as divisões”, diz o diretor, que defende a construção ativa de uma sociedade inclusiva.
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

