No dia 3 de junho, o ator japonês Tōsei Kōchi (高知東生), de 60 anos, utilizou sua conta na plataforma X (antigo Twitter) para manifestar uma preocupação crescente entre cidadãos japoneses: o impacto da compra de imóveis por estrangeiros ricos sobre os preços e o acesso à moradia no país.
O comentário surgiu após a repercussão de uma notícia que relatava um caso em que o valor do aluguel de um apartamento foi multiplicado por 2,5 vezes após a mudança de proprietário para um investidor estrangeiro. Kōchi, que vive de aluguel, compartilhou seu espanto dizendo:
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“Vi um artigo dizendo que o aluguel subiu para 2,5 vezes depois que o dono mudou para um estrangeiro. Isso me assustou. Também sou inquilino. Se acontecer comigo, será complicado.”
Em seguida, ele acrescentou com preocupação:
“É possível que, com a continuidade dessa crise econômica, estrangeiros ricos acabem inflacionando os preços a ponto de os próprios japoneses não conseguirem mais viver no Japão. Isso está mesmo sob controle?”
A postagem gerou ampla repercussão online, com respostas como “Acho que não está sob controle”, “Isso já acontece em algumas áreas” e “Precisamos de medidas urgentes”.
Nos últimos anos, com o iene desvalorizado e os imóveis japoneses considerados relativamente baratos para padrões internacionais, investidores estrangeiros — especialmente da Ásia e do Ocidente — têm adquirido propriedades no Japão, muitas vezes em áreas urbanas de alto valor, como Tóquio, Osaka e Kyoto. Essa demanda tem influenciado os preços e alimentado uma sensação de insegurança habitacional entre os japoneses, principalmente entre os que vivem de aluguel.
Embora a lei japonesa não restrinja legalmente a compra de imóveis por estrangeiros, o debate sobre regulação do mercado imobiliário para proteger os moradores locais tem se intensificado, sobretudo em regiões onde a disparada dos preços já começa a modificar o perfil social das comunidades.
O comentário do ator reflete uma inquietação legítima: como equilibrar o desenvolvimento econômico via investimentos internacionais sem comprometer o direito básico à moradia da população residente?
A discussão traz à tona questões maiores sobre soberania urbana, justiça social e o papel do Estado na proteção do acesso à terra e à moradia. Em um Japão que envelhece, enfrenta crise demográfica e busca atrair mais capital estrangeiro, será possível manter o equilíbrio entre abertura econômica e coesão social?
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução