Alta nas solicitações de auxílio social no Japão levanta alertas sobre crise econômica e futuro fiscal

Se o estrangeiro não consegue trabalhar, deveria ser deportado. Se não consegue se sustentar, não deveria ter autorização para morar no Japão. É melhor que retorne ao seu país e trabalhe lá

O número de solicitações de assistência social (生活保護, seikatsu hogo) no Japão chegou a 259.353 casos em 2024, segundo dados preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar no dia 4 de junho. Esse número representa um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior, marcando o quinto ano consecutivo de crescimento nas solicitações. Em contrapartida, o número total de beneficiários segue ligeiramente em queda, mantendo-se em torno de 2 milhões de pessoas.


Entre as vozes mais proeminentes sobre o tema está Hiroyuki Nishimura, fundador do 2channel e influenciador digital conhecido por seus comentários diretos. Ele afirmou:


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“O número de pedidos deve mesmo aumentar, mas isso mostra que estamos em recessão.”


Em seguida, fez uma declaração polêmica sobre a presença de estrangeiros no sistema:


“Se o estrangeiro não consegue trabalhar, deveria ser deportado. Se não consegue se sustentar, não deveria ter autorização para morar no Japão. É melhor que retorne ao seu país e trabalhe lá.”


As declarações dividiram opiniões nas redes sociais, com críticas ao tom excludente e elogios à suposta “pragmaticidade fiscal” de suas palavras. A legislação atual permite que estrangeiros com residência legal solicitem assistência, mas cada caso é analisado individualmente e sujeito a critérios estritos.


Outro ponto levantado por Hiroyuki é a subnotificação: estima-se que o número de pessoas que têm direito ao auxílio mas não o solicitam pode ser três vezes maior do que o número de beneficiários. A razão? Estigma social, medo de julgamento e a cultura de autossuficiência ainda profundamente enraizada.


“Muita gente evita pedir auxílio por vergonha, mesmo estando dentro dos critérios. Isso faz com que essas pessoas vivam em condições piores do que o necessário”, explicou ele, que cresceu em uma área de habitação popular em Tóquio e conviveu com famílias beneficiárias.


Atualmente, o valor pago pelo sistema varia entre ¥100.000 e ¥130.000 por mês para pessoas solteiras, e entre ¥150.000 e ¥180.000 para casais, valores suficientes para garantir o mínimo necessário, mas sem margem para conforto ou luxo. Hiroyuki reforçou que essa restrição é deliberada:


“Não é para viver com luxo. Se quiser comer sushi sem desconto, trabalhe. Se não puder comprar bebida ou cigarro, é o esperado.”


Em 2024, o orçamento destinado ao sistema de assistência social foi de aproximadamente ¥3,7 trilhões, dos quais 75% são financiados pelo governo nacional e 25% pelos governos locais.


O jornalista e curador de informação Toshinao Sasaki acrescentou uma perspectiva preocupante sobre o futuro. Segundo ele, o maior risco está no envelhecimento da geração do baby boom junior, nascida nos anos 1970, hoje com cerca de 50 anos.


“Daqui a 10 ou 15 anos, essa geração, que tem mais de 10 milhões de pessoas, poderá não conseguir mais se manter no mercado de trabalho. O número de solicitantes de assistência vai explodir. A dúvida é: teremos recursos para isso?”


Paralelamente, a crise demográfica se agrava. O número anual de nascimentos caiu para menos de 700 mil pela primeira vez na história do Japão moderno, enquanto a geração nascida no auge populacional chegou a ter 2,1 milhões de pessoas por ano.


“A geração jovem de hoje terá que sustentar o triplo de pessoas quando atingir a idade produtiva. Isso é matematicamente insustentável”, alerta Sasaki.


O debate sobre o futuro da assistência social no Japão envolve não apenas números, mas questões delicadas como imigração, dignidade, estigma social e justiça fiscal. Com o aumento das desigualdades e a pressão sobre os sistemas públicos, o país caminha para uma encruzilhada: como garantir o mínimo de dignidade a todos — japoneses ou não — sem comprometer o equilíbrio fiscal e o contrato social que sustentam a nação?


Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

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