Em meio à alta dos preços, o projeto de orçamento suplementar do governo, centrado em medidas contra a inflação, foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, o termo “venda do Japão” tem aparecido com frequência na imprensa internacional, refletindo preocupações com a situação fiscal do país.
No dia 1º, a primeira-ministra Sanae Takaichi participou de um evento com investidores estrangeiros e chamou atenção ao citar uma frase do mangá Attack on Titan para pedir investimentos no país, afirmando que “o Japão está de volta” e conclamando o capital internacional a investir no mercado japonês.
O orçamento suplementar, cuja tramitação começou no dia 8, soma 18,3 trilhões de ienes. Desse total, 8,9 trilhões são destinados a medidas contra a inflação, como o pagamento de 20 mil ienes por criança, e 6,4 trilhões a investimentos em áreas de crescimento, como inteligência artificial e semicondutores. Mais de 11 trilhões de ienes serão financiados por meio da emissão de títulos públicos.
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A oposição criticou o volume de endividamento, questionando se a política pode ser considerada responsável. Em resposta, Takaichi afirmou que o montante de títulos emitidos após o orçamento suplementar ficará abaixo do nível do ano anterior, demonstrando preocupação com a sustentabilidade fiscal. Com a incorporação de propostas do Partido Democrata do Povo e do Komeito, o texto foi aprovado pela Câmara no dia 11.
Apesar das medidas, a inflação segue elevada. Um levantamento recente mostrou que o custo para preparar uma refeição de curry alcançou 451 ienes por porção, quase o dobro em dez anos, puxado pela alta do arroz, dos vegetais e da carne bovina importada. Paralelamente, os juros de longo prazo subiram rapidamente: o rendimento dos títulos públicos de 10 anos chegou à faixa de 1,9%, o maior nível em cerca de 18 anos e meio.
A alta dos juros aumenta a preocupação com financiamentos imobiliários. Famílias que planejam adquirir a casa própria temem que novas elevações nas taxas tornem as prestações mais pesadas no futuro.
Em novembro, veículos internacionais passaram a destacar o risco fiscal japonês com manchetes sobre “venda do Japão”, impulsionando a desvalorização do iene. Diante desse cenário, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, indicou a possibilidade de um aumento de juros já em dezembro. O governo também admitiu que intervenções no mercado cambial podem ser consideradas, enquanto nos Estados Unidos o Federal Reserve decidiu reduzir a taxa básica de juros.
Especialistas apontam que, mesmo com a redução da diferença entre os juros do Japão e dos EUA, o impacto sobre o câmbio foi limitado, pois investidores enxergam o governo Takaichi como favorável a políticas fiscais e monetárias expansionistas. Segundo analistas, a persistência da “venda do Japão” reflete a desconfiança de que as políticas fiscais adotadas consigam elevar de forma consistente o crescimento econômico no futuro, tornando o apelo direto da primeira-ministra por investimentos um sinal da dificuldade em recuperar a confiança do mercado.
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução

