Em 2024, o número de nascimentos no Japão deve cair abaixo de 70 mil pela primeira vez desde 1899, quando os registros estatísticos começaram no país. Essa redução histórica ressalta o agravamento da crise de natalidade, que há anos desafia as políticas públicas japonesas.
De acordo com estimativas feitas por Hiroshi Okuda, pesquisador sênior do “DTFA Institute”, um think tank do grupo Deloitte Tohmatsu, e com base nas estatísticas de outubro do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, o número de nascimentos de japoneses em 2024 será de aproximadamente 69 mil. O número total, incluindo estrangeiros residentes no Japão, deve chegar a cerca de 72 mil.
Essa queda acelerada supera em 14 anos as previsões anteriores feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas de População e Seguridade Social, que estimava que o número de nascimentos cairia para menos de 70 mil apenas em 2038.
Os Dados por Trás da Queda
● De janeiro a outubro de 2024: O total de nascimentos foi de 60.363, uma queda de 4,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
● Projeção anual: Estima-se que o total de nascimentos em 2024 será de 72 mil (contando estrangeiros residentes) e cerca de 69 mil entre japoneses.
Segundo especialistas, os fatores que impulsionam a queda na taxa de natalidade incluem:
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1 – Redução do número de mulheres em idade fértil: A geração de mulheres aptas a terem filhos está diminuindo devido às baixas taxas de natalidade de décadas passadas.
2 – Desafios econômicos: O alto custo de vida, principalmente em grandes cidades, desestimula casais a terem filhos.
3 – Mudanças culturais: O adiamento do casamento e a escolha de não casar ou não ter filhos estão cada vez mais comuns entre os jovens japoneses.
4 – Desafios no equilíbrio trabalho-vida: Mulheres enfrentam dificuldades em conciliar carreira e maternidade, devido à falta de suporte suficiente, como creches e licenças-maternidade adequadas.
Além disso, questões regionais também agravam a situação. Áreas rurais enfrentam desafios específicos, como a migração de jovens para os grandes centros urbanos e a falta de infraestrutura para jovens famílias.
A redução drástica no número de nascimentos não afeta apenas a demografia, mas também traz sérias consequências para a economia e a sociedade japonesa:
● Redução da força de trabalho: A falta de jovens no mercado compromete a produtividade e o crescimento econômico.
● Aumento do envelhecimento populacional: Com menos jovens para sustentar o sistema previdenciário, a carga sobre a força de trabalho ativa aumenta significativamente.
● Esvaziamento de regiões rurais: A falta de crianças e jovens em regiões afastadas ameaça a continuidade de comunidades inteiras.
O governo japonês vem implementando algumas políticas para combater a queda na natalidade, como incentivos financeiros para famílias, expansão de creches e flexibilização das leis trabalhistas. No entanto, as soluções precisam ser mais direcionadas e profundas.
1 – Apoio financeiro ampliado: Subsídios mais robustos para cobrir custos de criação e educação dos filhos.
2 – Mudanças no ambiente de trabalho: Garantir maior flexibilidade para pais e mães equilibrarem trabalho e vida pessoal.
3 – Descentralização de recursos: Investir em infraestrutura e qualidade de vida em áreas rurais para incentivar a permanência de jovens famílias.
4 – Educação e conscientização: Promover a importância da família como base para a sociedade.
A queda no número de nascimentos no Japão é um reflexo de décadas de desafios econômicos, culturais e sociais. A solução exige esforços coordenados entre o governo, empresas e a sociedade como um todo para criar um ambiente onde ter filhos seja uma escolha mais viável e desejável.
Se essas medidas forem implementadas de maneira eficaz, o Japão poderá enfrentar esse desafio de forma mais resiliente, garantindo uma sociedade equilibrada e sustentável para o futuro.
Fonte: Yahoo Japan
Foto: Reprodução
